domingo, 15 de fevereiro de 2009

Capoeira

Historia da capoeira

A capoeira é a junção de várias etnias do povo africano que foram trazidos para o Brasil para trabalharem como escravos. Porém, são os negros nascidos no Brasil, os responsáveis pelo aperfeiçoamento da luta que passou a chamar-se “capoeira”.
Inicialmente, ela foi desenvolvida como uma forma de defesa. Ao contrário do que muita gente pensa, nem sempre os negros aceitavam pacificamente a escravidão. Uma forma encontrada de resistir à opressão foi a criação de quilombos, que eram comunidades organizadas que abrigavam os negros que fugiam de seus patrões. O maior deles foi o quilombo de Palmares.

O quilombo de Palmares foi, provavelmente, o local onde os negros mais praticaram a capoeira naquela época. Além de ser uma forma de defesa, a capoeira era uma forma encontrada pelos negros de transmitirem sua cultura. Mesmo os que ainda eram escravos nas lavouras de cana-de-açúcar, praticavam a capoeira nas senzalas, às escondidas. Para não levantar suspeitas, eles uniram os movimentos à música, “fingindo” que estavam dançando.




O que quer dizer "capoeira"?

A palavra “capoeira” tem origem na língua tupi-guarani. Segundo alguns estudiosos, capoeira pode ter dois significados: mato ralo ou gaiola grande. O primeiro deles é mais aceito pelos capoeiristas, que fazem a ligação entre “mato” e o local onde a capoeira era praticada pelos escravos.



O tempo foi passando e a capoeira continuou a ser praticada, mesmo após a libertação dos escravos. Há registros da prática de capoeira no Rio de Janeiro, Recife e Salvador, nos séculos XVIII e XIX. Porém, durante muito tempo a capoeira foi considerada como subversiva. Muitos praticantes passaram a andar em bandos e a provocar arruaças nas grandes cidades. Sua prática então, foi proibida no país. Apenas na década de 1930 é que a capoeira foi liberada. Naquela época o que se praticava já era uma variação da capoeira, que já estava muito mais para esporte do que para uma manifestação cultural.








Em 1932, o Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira do Brasil, em Salvador. Mestre Bimba criou o que ficou conhecido como estilo regional (leia mais na página Estilos da capoeira), em referência à Capoeira Regional Baiana. Já em 1941 foi fundado o Centro Esportivo de Capoeira de Angola, pelo Mestre Pastinha.





Mestre Bimba e Mestre Pastinha tiveram uma participação fundamental na história da capoeira. Ambos criaram e desenvolveram a prática de dois diferentes estilos de capoeira, disseminando a arte nas suas mais diversas formas pelo Brasil.








Estilos da capoeira

Existem dois estilos bem específicos na capoeira: o angolano e o regional. Apesar de possuírem a mesma filosofia, cada um deles possui suas peculiaridades e maneiras diferentes de jogar.







Capoeira Angola
O nome ligado a este estilo é Mestre Pastinha que, em 1941, criou o Centro Esportivo de Capoeira Angola. Esse estilo procura manter as tradições e os rituais da arte. A luta é mais lenta, e os movimentos geralmente são realizados junto ao chão. O uniforme utilizado pelos praticantes desse estilo é composto por uma calça preta ou marrom e uma camiseta amarela. Durante uma roda, quem está assistindo não participa do coro. É considerado muito mais uma dança do que uma
luta.










Capoeira Regional
A capoeira regional foi criada pelo Mestre Bimba que, em 1932, criou a primeira academia de capoeira no Brasil. Esse estilo recebeu esse nome em virtude de ser criado e praticado primeiramente na “região” da Bahia. Os movimentos da capoeira regional são mais rápidos e o jogo é considerado como uma modalidade esportiva. Os alunos, que usam abadás (calça e camiseta brancas), são batizados por mestres. Os capoeiristas regionais passam por oito cordões de acordo com sua
graduação e nível técnico. Na roda, os assistentes podem bater palmas e também participam do coro.











Principais golpes
O bom capoeirista é leve, flexível e ginga o tempo todo durante o jogo. Ele procura não confrontar diretamente os ataques do adversário, mas esquivar-se deles, aplicando seus contra-ataques. Os movimentos são sincronizados com os movimentos do adversário. Os golpes são executados com a intenção de atingir o adversário, mas sem na verdade chegar realmente a atingi-lo.













Os golpes na capoeira podem ser divididos em nove grandes grupos. Cada um desses grupos possui seus principais golpes que listamos abaixo.













Defesas
Cocorinha: o jogador fica quase sentado, com os joelhos dobrados sem tocar o dorso no chão e com o braço erguido para bloquear golpes a cabeça.















Armada: aplica-se estando em pé, e consiste em firmar-se com um pé no chão e com a outra perna livre, fazendo um movimento de rotação, varrendo na horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé.
Meia lua:
movimento em que o capoeiristas ergue o pé, empurrando-o para fora e puxa-o para dentro em forma de uma meia lua. O objetivo é acertar a cabeça do adversário com a lateral interna do pé.
Queixadinha:
pode ser lateral ou frontal. Na queixada lateral, a perna de trás da ginga cruza com a da frente fazendo um meio círculo. Na queixada frontal, a perna de trás da ginga faz um movimento circular de dentro para fora visando acetar o rosto do adversário com a parte externa do pé.
* Outros golpes: chapéu de couro, meia lua de compasso.

Ataques frontais
Bênção:
a perna de trás da ginga é esticada para a frente buscando acertar o abdômen do adversário de cima para baixo.
Martelo: ergue-se a perna procurando atingir o adversário com a parte superior do pé.
Ponteira: muito semelhante ao martelo, mas o capoeirista usa a ponta do pé para atingir o adversário.

Ataques voadores
Queixada:
o capoeirista fica na frente do adversário, dá um passo para o lado, gira o tronco e desfere um movimento circular com a perna da frente buscando atingir a cabeça do adversário.
Vôo do morcego: o capoeirista pula na direção do adversário com os braços e pernas encolhidos. No ar ele estica as pernas empurrando o oponente.
Meia lua solta: o capoeirista gira no ar sobre uma perna flexionada.

Acrobacias
Macaco: movimento onde o capoeirista se projeta partindo de cócoras com uma mão apoiada abaixo da cintura e a outra girando de frente pra trás sobre a cabeça, fazendo um movimento completo sobre o corpo.

Desequilibrantes
Rasteira: golpe que consiste em apoiar as mãos no chão e rodar a perna, num ângulo de 360º, encaixando atrás do pé do adversario e arrastando-o, com o objetivo de derrubá-lo.


Berimbau
Berimbau é quase sinônimo de capoeira. É ele que determina o tipo do jogo de acordo com o ritmo tocado. O som do berimbau vem da batida da baqueta de encontro ao arame, que é esticado em uma madeira envergada. Uma cabaça é usada para amplificar o som. Geralmente é usado também um caxixi, recipiente de vime com sementes.



Atabaque


Trata-se de um instrumento de percussão. É feito de madeira cortada em ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros. São colocadas "travas" que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado. É o atabaque que marca o ritmo das batidas do jogo. Juntamente com o pandeiro é ele que acompanha o solo do berimbau.

Pandeiro

Pandeiros podem ter peles de couro ou de plástico. Eles existem em diferentes tamanhos, sendo os de 10 e 12 polegadas os mais comuns. O pandeiro é segurado por uma das mãos, enquanto a ponta dos dedos, o polegar e a base da outra mão são usados para tocar.

Caxixi

São cestos entrelaçados com pedras, conchas ou feijão dentro deles. São feitos à mão e usados como chocalho pelo tocador de berimbau, que o segura juntamente com a baqueta.

Agogô

O agogô é um instrumento composto por um pequeno arco e uma alça de metal com um cone metálico em cada uma das pontas. Esses cones podem ser de diferentes tamanhos e, consequentemente, produzirem diferentes sons.

Reco-reco

Instrumento de percussão produzido a partir de caixas ou tubos de metal. Para tocar, desliza-se uma baqueta de metal ou de madeira nas molas ou sucos das caixas e tubos.





Toques
Angola: o toque é lento e específico para o jogo da Angola, rente ao chão, bem devagar.

Banguela: esse toque é utilizado no jogo Regional, mas é o toque mais lento desse estilo. O nome faz referência ao mestre Bimba, seu criador, que também era conhecido por Banguela.

Regional de bimba: toque voltado para o combate e, como o próprio nome já diz, praticado pelos capoeiristas do estilo regional.

São Bento Grande: é usado em apresentações públicas, rodas de rua, batizados e outros eventos e também nas rodas técnicas das academias para testar o nível de agilidade dos alunos. Ele tem suas variações nos dois estilos: São Bento Grande Angola e São Bento Grande Regional.

Cavalaria: toque usado para avisar o capoeirista sobre algum perigo no jogo. Durante a escravidão, era usado para avisar os negros sobre a aproximação do feitor. Já na época em que a capoeira foi proibida, era usado para avisar que a “cavalaria” (polícia montada) estava chegando.

Iúna: muito usado no jogo dos mestres. Nesse toque não há canto e os alunos não participam, apenas assistem os mestres e instrutores jogarem.

Santa Maria: é usado quando o jogador coloca a navalha no pé ou na mão. É tido como um dos toques mais bonitos do berimbau.

Batizado, roda e graduação
Quando uma pessoa começa a praticar a capoeira em uma academia ou um grupo, por exemplo, é chamado de “pagão”. Isto quer dizer que ele ainda não foi “batizado”.
O batizado nada mais é do que uma apresentação do novo capoeirista aos demais. No batizado o capoeirista recebe a sua primeira graduação e também um apelido. O apelido é uma tradição na capoeira e lembra os tempos em que os capoeiristas eram obrigados a usar codinomes para não serem identificados. A partir do batizado o capoeirista passa a ter também um “padrinho de capoeira” que é o mestre que jogou com ele durante o batizado.
A roda de capoeira é um círculo onde um grupo de pessoas se reúne em torno dos capoeiristas. A roda é comandada pelo tocador de berimbau que é quem define as músicas e dita o ritmo do jogo. Existem também as “rodas de rua”, encontros de capoeiristas em locais públicos e que conta com a participação do público. Muitas vezes as “rodas de rua” são realizadas em praças, praias e feiras, com o intuito de divulgar o esporte.
GraduaçãoO sistema de graduação na capoeira varia de grupo para grupo. Muitas escolas e academias de capoeira possuem seu próprio sistema de graduação. A capoeira angola, por exemplo, não tem um sistema de graduação por cordões mas sim uma hierarquia baseada em antiguidade.
A
Confederação Brasileira de Capoeira, porém, possui um sistema graduação que considera como oficial, baseado em cordões que seguem as cores da bandeira brasileira. Os cordões são amarrados na calça do capoeirista. Segue abaixo o sistema de graduação de acordo com a Confederação Brasileira.
• 1º estágio - iniciante: sem corda ou sem cordão
• 2º estágio - batizado: cinza claro/ verde
• 3º estágio - graduado: cinza claro/ amarelo
• 4º estágio - graduado: cinza claro / azul
• 5º estágio - intermediário: cinza claro/verde/ amarelo
• 6º estágio - adiantado: cinza claro / verde / azul
• 7º estágio - estagiário: cinza claro / amarelo / azul

A- Graduação Infantil (3 a 12 anos)


B- Graduação normal (a partir de 13 anos)

• 1º estágio - iniciante: sem corda ou cordão
• 2º estágio - batizado: verde
• 3º estágio - graduado: amarelo
• 4º estágio - graduado: azul
• 5º estágio - intermediário: verde e amarelo
• 6º estágio - adiantado: verde e azul
• 7º estágio - estagiário: amarelo e azul

C- Docente de capoeira
• 8º estágio - Formado: verde, amarelo, azul e branco
• 9º estágio - Monitor: verde e branco
• 10º estágio - Instrutor: amarelo e branco
• 11º estágio - Contramestre: azul e branco
• 12º estágio - Mestre: branco















































































































































































































































































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